O restaurateur Paulo Ouro Preto uniu duas paixões GASTRONOMIA E ARTE e durante a pandemia dedicou grande parte do seu tempo a realização do seu lado artístico, ensaiou rabiscos e mais rabiscos nos papéis em branco que via pela frente – Doodles – desenhos despretensiosos, que refletiam a sua emoção, em um momento que a média de notícias negativas é bem maior que as positivas, mas todos que, de certa forma, também refletiam os ingredientes do seu italianíssimo restaurante Ino. – paixão antiga; ou seja, frutas, legumes, vegetais, doces e ovos ganham uma forma totalmente lúdica.
A ideia era transportar a gastronomia italiana para as telas que ganharam cores e formas com uma pegada divertida, e quase que aromática. Os Doodles, esses esboços realizados por acaso, em meio a distração do dia, têm um sentido que expressa a sua real emoção – pois todos eles vêm com a língua de fora, e a mensagem é – “não aguento mais essa pandemia.”
Com a série montada o restaurateur, que desde pequeno adora pintar cores e sabores, recebeu um convite e assumiu ainda mais a sua veia artística, os divertidos Doodles – são 12 no tamanho de 50 x 50cm – estarão expostos na galeria Samba, no Fashion Mall, de outubro a novembro.
Todos os dias, como uma forma de ilustrar no Instagram seu mood da quarentena, Ouro Preto ratificou sua aptidão unindo suas paixões e nelas pode expressar seus sentimentos em tempos de pandemia. A série, totalmente afetiva, é dedicada à esposa e filhos, com quem ficou isolado e pode ver o quanto a vida faz sentido quando conseguimos expressar nossos sentimentos em família e até mesmo descobri-los.
A forma:
Doze dessas ilustrações de 50 x 50cm, iniciadas no papel com lápis e posteriormente coloridas e finalizadas digitalmente, através do celular, foram selecionadas para fazer parte da mostra “Doodles e humores de Paulo Ouro Preto”, tem frutas, legumes, ovo e até doces com olhos e língua. Alguns já foram parar até nas paredes do seu restaurante Ino., em Botafogo.
Paulo brinca que em sua maioria os desenhos possuem uma cara mais entediante. “Acredito que muita gente passou pelo tedio “ – e alguns continuam passando . Mas ele mais do que ninguém pode constatar que podemos mudar nossos sentimentos quando, principalmente quando usamos a arte como ferramenta para sobrevivermos em tempos tão difíceis.
Paulo Ouro Preto:
Após finalizar o mestrado no MIT (Massachusetts Institute of Technology), em Boston, nos Estados Unidos, Paulo Ouro Preto criou uma empresa de tecnologia, que mais tarde seria vendida para uma multinacional, e voltou ao Brasil para ser executivo de uma grande empresa. Apesar da vida pessoal e profissional, na prática, estar caminhando perfeitamente bem, Paulo sentiu uma necessidade de se redescobrir e preencher o vazio que estava sentindo. E foi através de dois hobbies que descobriu paixões que o moveriam: uma era rabiscar, que ele fazia entre uma reunião e outra, e que, timidamente, o fez começar a se aproximar das artes. E a outra era a gastronomia, onde desde jovem, morando sozinho fora do Brasil, fazia questão de visitar, pesquisar e avaliar a culinária de cada pedacinho do mundo que percorria ao longo dos anos.
A partir daí, percebeu que era possível viver daquilo que ele realmente gostava. Iniciou cursos de desenho e gravura no Parque Lage, onde desenvolveu uma arte de traços leves, com variedade, retratando paisagens, objetos abstratos, unindo várias técnicas de arte e impressão digital. “Os cursos foram o ponto de partida para profissionalizar a minha relação com a arte. Depois de frequentar as aulas, e conhecer artistas com diferentes perfis, desenvolvi uma linha de traços leves, mais variada, retratando paisagens, objetos abstratos, unindo várias técnicas de arte e impressão digital. O efeito foi fantástico do ponto de vista pessoal. Foi renovador descobrir uma nova vocação”, conta ele.
A paixão pela gastronomia também falou mais alto. O começo foi promissor, como investidor em dois badalados points da gastronomia em São Paulo: Eataly e o Empório Santa Maria. Não foi o suficiente. Paulo ainda sentia falta de participar de toda operação de um restaurante, foi assim, que em 2018, resolveu abrir sua primeira empreitada no Rio: o Ino., um italiano autoral, em Botafogo, que mescla ingredientes artesanais com o menu brasileiro, mas apresentados de uma forma contemporânea e acessível ao público.
O lado artístico de Paulo também está presente no local, uma série de obras com desenhos do mundo animal – que inicialmente foram feitas para seus filhos – estão espalhados pelo salão do restaurante, assim como quadros com sua mais nova série de Doodles. Esse fato chamou tanta atenção de quem circula na casa, que as obras acabaram sendo expostas na Samba Arte, no Fashion Mall. De lá pra cá, ele divide a vida profissional entre a gastronomia e as artes plásticas e se sente completo e realizado:
“Em 2017, decidi mudar radicalmente. Abandonei o mundo corporativo e hoje sou um dos “loucos” que acreditam e empreendem no Brasil. Em 2018, abri o Ino, e, de lá para cá, divido minha vida profissional entre a gastronomia e as artes plásticas. Passei a ser um homem mais feliz em todos os aspectos e, se me perguntarem hoje, digo sem medo: “Vá atrás do que te completa, arrisque. A vida é uma só.”
Serviço:
“Doodles e Caulim”
Paulo Ouro Preto
Samba Arte Contemporânea
Fashion Mall – Estrada da Gávea, nº 899 – piso L2 – São Conrado – RJ
Data: até 30 de novembro
Segunda a sábado, de 12h às 20hs | domingo, de 14h às 20hs